sábado, 11 de agosto de 2012

Dedicado aos pais pelo seu dia

Kindelo

 

Quando eu tinha dezoito anos

Kindelo nasceu com alegria.

Eu nem sabia o que fazer

Diante daquela criancinha

Com traços fortes e esperteza

É a vida que veio da minha!

 

Certo dia a brincar com ele,

Olhou-me nos olhos com atenção,

Peguei com carinho no nariz

E ele na minha mão.

Foram minutos de palavras

E ele nem direito engatinhava

Era mais que um filho, pra mim era um irmão.

 

E o tempo foi passando,

Kindelo crescendo com vigor.

Eu não podia dar muitas coisas

Mas ofertava o meu amor.

E eu sempre muito forte,

Cheguei perto da morte

Meu filho me disse: - Pai você é um vencedor !

 

Isso deu-me esperança,

Foi um remédio só em ouvir,

Uma criança de seis anos,

Fazendo o pai reagir.

Com câncer aos vinte e quatro;

E o laudo do desengano

Beijei o meu filho querido e me despedi.

 

Mas não foi a minha hora.

A esperança fez-me voltar

Com a responsabilidade

Do meu filho criar e formar.

Prossegui a minha vida

Não houve mais despedida,

Falei: - Não vai ter mais partida

E a paz voltou a reinar!

 

Passaram-se quinze anos,

Eu sempre grato e a trabalhar

Recebi uma surpresa:

Meu filho veio me visitar.

Ao me chamar eu disse: - Pra onde me levas filho?

- Em um evento, não vá demais se emocionar.

 

Lá eu vi comemoração.

Pais com os filhos a se entreterem,

Todos os formandos vestidos de preto

E o meu filho entre eles!

Eu chorava de alegria,

Orava e agradecia

Do orgulho que me destes.

 

A emoção foi muito forte

Ao ver o meu filho diplomar,

O coração descompassado,

Fez-me hospitalizar.

Chamei o meu filho e disse:

- Tudo que a Deus eu pedistes

Foi força pra trabalhar e te formar.

 

- Agora que estás criado e formado

Não desejo nada em troca.

Perdoi a quem não confiaram

E me chamaram de idiota!

Nunca houve fardo pesado,

Foi apenas trabalho dobrado

E hoje estou realizado.

 

Ao passar por essa jornada,

Sei que fui muito feliz!

As doenças que suscederam

Eu sei que mereci.

Foram provas e aflições,

Mas toda a minha família

Nunca desistiram de mim.

 

Não lembro mais de muitas coisas,

Hoje eu sou um ancião.

Do meu lado está um idoso

Que pega na minha mão!

Inconsciente pego no seu nariz

E uma vaga lembrança me diz:

Esse é o meu Kindelo

Que tanto me fez feliz!

 

Eu vi muitas nuvens

E nessa jornada pra sempre eu adormeci...

 

 

P. s.: Inspiração obtida à partir de um lindo sonho.

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