terça-feira, 26 de junho de 2012
Fronteira entre língua e os fatos.
Variação linguística - O ontem, o hoje e o amanhã
Autor: Ariosmar Cruz
Em uma época em que eu estudava o primário, a professora de português fazía-nos a-
prender a conjugar o verbo datilografar: Eu datilografo, Tu datilografas, Ele datilografa,
Nós datilografamos, Vós datilografais, Eles datilografam. Ela dizia que a língua muda com
o decorrer do tempo, dizia também que todas as línguas do mundo experimentam mudanças,
que certos usos se desgastam e acabam sendo substituídos por outras formas ou modo de di-
zer.
Nesta época o único apoio que os professores tinham a nos oferecer como apoio pedagógi-
co eram os livros, a maneira obrigatória de "degustá-los" era folheando-os, página à pági-
na. E seguíamos conjugando: Eu folheio, Tu folheias, Ele folheia, Nós folheamos, Vóis fo-
lheais, Eles folheiam.
Nos tempos de hoje temos muito mais recursos para auxílio nos estudos,a internete por
exemplo,vem tomando o lugar dos livros gradativamente, com softwares e arquivos onde nada
se manipula, apenas lê-se, e com apenas um toque dos dedos no teclado ou mouse navegamos e
lêmos, sem a necessidade de "folhear".
Ainda a imaginar um passado mais longínquo ainda, em tempo de decobrimentos territori-
ais, onde quase a totalidade de um país era de mata e muitas árvores. A população foi au-
mentando e em consequência disso a necessidade de consumo, de moradia e de meios de sobre-
vivência humana, onde os recursos naturais vieram a ser depredados e usados de diversas
maneiras. O carro que dirigimos é 100% tirado da natureza, a lataria vem dos minérios, os
pneus da ávore seringueira, e até o combustível que o faz mover vem de recursos da nature-
za, a luz elétrica e a eletricidade que é excencial no mundo moderno também vem da nature-
za através da água, o livro que lêmos também tem a sua origem da natureza,fabricado à par-
tir das madeiras de árvores.
Mas até quando vamos ter esses recursos naturais? Os nossos antepassados tinham recur-
sos naturais mas não obtinham tecnologia suficiente para degradá-los como vem sendo no
tempo atual.
A exemplo da conjugação "datilografar" que caiu em desuso pelo simples fato de não ser
mais fabricado e utilizado a máquina de datilografar, será que um dia a comunidade que fa-
la a língua portuguesa vai parar também de conjugar o verbo folhear devido a não mais fa-
bricação de livros devido a falta de material da obra-prima?
Nota do autor:
Esta crônica é uma ficção, mas bem que poderia ser real, visto a suposição que compõe a lín-
gua e os fatos.
Ari Cruz
26/11/2011
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